Quando se fala em plantas que nunca deveriam ser levadas à boca, uma se destaca das demais e pode estar perto de você neste exato momento. A mamona (Ricinus communis) é um arbusto elogiado por trazer cores vibrantes ao jardins, graças a suas folhas verdes e roxas e suas inusitadas cápsulas de sementes.
O óleo de mamona (ou olho de rícino), velho conhecido de quem sofre de prisão de ventre, é produzido a partir dessas sementes. Mas é justamente por causa da proteína ricina que a planta tem a reputação de ser a mais venenosa do planeta.
Depois que o óleo laxante é extraído, os resíduos das sementes formam um potente coquetel de toxinas. A ricina mata ao interferir no metabolismo celular, o processo químico mais básico para sustentar a vida.
A criação de proteínas essenciais é bloqueada, levando à morte da célula. Vítimas de intoxicação por ricina costumam sofrer vômitos, diarreia e convulsões por até uma semana antes de morrer por falência de órgãos.
As histórias em torno da planta são tão misteriosas que chegaram até à cultura pop, tendo aparecido no livro Morte à Espreita, de Agatha Christie, e no seriado Breaking Bad, entre outras obras.
A dose certa
Por que então podemos cultivar livremente essas plantas em jardins?
Há uma diferença entre venenoso e prejudicial. É preciso levar em consideração fatores como a probabilidade de alguém comer uma dessas plantas ou a facilidade de ministrar as substâncias presentes nelas. A casca da mamona é tão dura que, se o fruto for ingerido inteiro, é capaz de passar pelo trato digestivo sem provocar danos letais. E a ricina é muito mais potente quando é injetada no organismo.
Já um veneno da mesma família, o ácido ábrico, vem com uma espécie de alerta de perigo. As sementes da ervilha do rosário (Abrus precatorius) são ovaladas e têm uma bela cor vermelha, sendo usadas na fabricação de colares e pulseiras. O ácido ábrico é semelhante à ricina, mas ainda mais potente em sua forma pura. Felizmente, as ervilhas têm uma casca dura que impede que as toxinas sejam absorvidas pelo corpo.
Morrer por causa do veneno de uma planta é algo bastante raro na atual medicina moderna, graças a um diagnóstico mais rápido. Além disso, muitas dessas toxinas precisariam ser purificadas para chegarem a uma dose letal.
De qualquer forma, não custa abrir os olhos e tomar cuidado quando for explorar um jardim.
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